Velho Chico

Diz a lenda que o rio São Francisco nasceu das lágrimas derramadas pela índia Irati. Com saudade do bravo companheiro que foi lutar pela posse da terra contra o homem branco e não voltou mais, Irati sentou em um pedra e chorou dias. De tão grande, sua tristeza deu origem ao Opará, que significa rio-mar, na linguagem indígena.

Passados 499 anos do descobrimento do rio pelo navegador italiano Américo Vespúcio, o São Francisco nunca se pareceu tanto com um lamento. O Velho Chico, apesar de continuar belo, jamais esteve tão maltratado. Mesmo assim, continua fertilizando terras de cinco Estados, dando de beber aos barranqueiros, povoando de sonhos e lendas dos lugares por onde passa, encantando seus navegantes. Nas últimas décadas, o São Francisco já perdeu três dos 16 afluentes perenes. Os rios Verde Grande, Salitre e Ipanema tornaram-se temporários, reduzindo o volume de água disponível para navegação, irrigação, pesca e geração de energia. Os três rios deixaram de ser permanentes por causa da ação devastadora de siderúrgicas de Minas Gerais e mineradoras baianas – que utilizavam a mata ciliar na produção de carvão. Além disso, há a poluição provocada pelas cidades. A metrópole de Belo Horizonte, por exemplo, situada na bacia do São Francisco, castiga o principal afluente do Velho Chico, o Rio das Velhas, com o lançamento de esgotos de uma população superior a 4 milhões de habitantes.

Atualmente, depois dos estragos causados pela exploração de ouro e diamante no quadrilátero ferrífero mineiro no passado recente, a principal ameaça ao futuro do São Francisco vem da atividade agrícola, com o avanço das plantações de soja e café nos cerrados baianos.

Por conta desta secular imprevidência, o leito do rio está a cada ano mais assoreado e poluído, de acordo com o relato geral dos próprios moradores das comunidades ribeirinhas e pescadores. Só no lago de Sobradinho, por exemplo, o rio despeja 18 milhões de toneladas de areia, numa quantidade de sedimento que corresponde a uma área de 10 mil hectares. Não é por outro motivo que se verificam tantas reclamações dos pescadores. A atividade pesqueira também vem decaindo.

A exemplo do rio, as populações que moram em suas margens também estão entregues à própria sorte. A pobreza de cinco séculos foi amenizada com os projetos de irrigação, mas a miséria continua lá, especialmente quando o rio atravessa as regiões mais tórridas que se debruçam sobre as suas margens. A origem do problema é conhecida há muito tempo. Depois do ciclo do ouro, a região do vale voltou ao abandono dos tempos primitivos.

O primeiro sinal de desleixo com o Rio São Francisco é a situação de abandono do Rio das Velhas, o maior afluente em extensão do Velho Chico, com 761 quilômetros. O rio corta a Região Metropolitana de Belo Horizonte, atravessa 51 municípios e encontra-se hoje completamente degradado, depois de receber por anos a fio o lançamento de esgotos de uma população estimada atualmente em cerca de 4 milhões de habitantes.A poluição urbana é a grande vilã, mas quem sofre com a poluição são as comunidades ribeirinhas.

 


 

 

Nascente - O rio São Francisco nasce num brejo da Serra da Canastra, a cerca de mil metros de altura, logo ao deixar a serra despenca 200 metros na cachoeira Casca d'Anta, desce em degraus e, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), flui suavemente, permitindo que barcos de todos os tamanhos naveguem suas águas. Era esse o trecho percorrido até pouco tempo pelas famosas gaiolas. Hoje, o Parque Nacional da Serra da Canastra preserva a nascente do grande rio, guarda vales de excepcional beleza, florestas nativas, campos e, para arrematar, tamanduás, tatus-canastra e lontras, ao vivo, em cores e sem grades. 

Foz - Após despencar 80 metros na cachoeira de Paulo Afonso, o rio São Francisco corre manso mais 310 quilômetros e por fim encontra o mar. É o maior rio inteiramente brasileiro. O Velho Chico deságua numa costa lisa, entre coqueirais e manguezais, dunas e praias douradas.


Características Físicas:

 

  •  Declividade média: 8,8cm/km
  •  Média das vazões na foz: 2.943m3/seg.
  •  Tipo de foz: Estuário
  •  Velocidade média de corrente: 0,8m/seg (entre Pirapora-MG e Juazeiro-BA)
  •  Sentido da corrente: Sul/ Norte


Principais Afluentes: 

 

  • Rio Paraopeba
  • Rio Paracatu
  • Rio Abaet
  • Rio Verde Grande
  • Rio das Velhas
  • Rio Carinhanha
  • Rio Jequita
  • Rio Corrente
  • Rio Urucuia
  • Rio Grande

 


 

Importância Econômica

 

O Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso é um conjunto de usinas, localizado na cidade de Paulo Afonso, que produz 4.000 megawatts de energia, gerada a partir so desnível natural de 80 metros da cachoeira de Paulo Afonso, no rio São Francisco.

 

O rio São Francisco é também o maior responsável pela prosperidade de suas áreas ribeirinhas compreendidas pela dominação de Vale do São Francisco, onde cidades experimentaram maior crescimento e progresso como Petrolina em Pernambuco e Juazeiro na Bahia devido a agricultura irrigada. Essa região apresenta-se atualmente como a maior produtora de frutas tropicais do país, recebendo atenção especial, também, a produção de vinho, em uma das poucas regiões do mundo que obtêm duas safras anuais de uvas.


Hidrovia

Equivalente a distância entre Brasília (DF) e Salvador (BA), essa é, sem dúvida, a mais econômica forma de ligação entre o Centro Sul e o Nordeste.

Com o seu extremo sul localizado na cidade de Pirapora (MG), a hidrovia do São Francisco é interligada por ferrovias e estradas aos mais importantes centros econômicos do Sudeste, além de fazer parte do Corredor de Exportação Centro-Leste. Ao norte, nas cidades vizinhas a Juazeiro (BA) e Petrolina(PE), a hidrovia está ligada às principais capitais do Nordeste, dada a posição geográfica destas duas cidades.

O rio São Francisco oferece condições naturais de navegação durante todo o ano, cuja profundidade varia de acordo com o regime de chuvas (calado). Seu porto mais importante é o de Pirapora (MG), interligado aos portos fluviais de Petrolina(PE) e Juazeiro(BA) e aos marítimos de Vitória(ES), Rio de Janeiro (cidade) (RJ), Santos (SP), Salvador (BA), Recife (PE) e Porto de Suape (PE), através de rodovias e ferrovias.

Em grande parte do vale do São Francisco as áreas mais propícias ao aproveitamento agrícola situam-se às margens do mesmo. Por esse motivo a maior parcela da população do vale se encontra nas proximidades do rio.

A hidrovia do São Francisco, através do programa "AVANÇA BRASIL", passa por uma etapa de grandes intervenções físicas. Aliadas a isso estão as ações de operacionalidade da via.

Todas essas ações permitirão que a hidrovia do São Francisco atenda a crescente demanda de tráfego, não só na região ribeirinha, mas de todo o país, consolidando-se, assim, como um dos principais elos entre o Sudeste e o Nordeste.


Condições de navegabilidade

O rio São Francisco oferece condições naturais de navegação entre Pirapora-MG e Petrolina-PE/Juazeiro-BA, durante todo o ano, com variação de calado segundo o regime de chuvas. É navegável em seus trechos Médio e Baixo, sendo o Médio São Francisco compreendido entre Pirapora-MG e Petrolina-PE / Juazeiro-BA e o Baixo entre Piranhas-AL e a Foz. Devido as diferentes características físicas existentes ao longo da via navegável, subdivide-se o trecho Pirapora-MG a Petrolina-PE/Juazeiro-BA em 03(três) subtrechos, a saber:

Pirapora-MG a Pilão Arcado-BA

 

Trecho do rio São Francisco entre os municípios de Ponto Chique e Várzea da Palma, em Minas Gerais.

 

Este trecho com 1.015 km de extensão, apresenta condições bastantes distintas entre o período de estiagem e o de cheia, ocorrendo variações de níveis de até 6,00 m. Na cheia o leito do rio é largo e regular, com estirões naturalmente navegáveis. No período de estiagem, a área molhada é menor, o talvegue se desenvolve entre ilhas e bancos de areia móveis ao longo do canal, que é desobstruído a medida que se torna necessário para manter a segurança da hidrovia. Há também, a existência de travessões rochosos e pedrais em alguns trechos, pedrais junto a margem e pedras isoladas no leito do rio, que são devidamente sinalizados e balizados, garantindo navegação segura. Quanto aos bancos de areia estima-se um volume anual de dragagem na ordem de 150.000m3 a 250.000m3, dependendo das condições do rio. Para todos os pedrais existentes, é feita sinalização com placas e bóias, e para alguns deles são feitos estudos quanto a possibilidade de derrocamento.

Pilão Arcado-BA à Barragem de Sobradinho-BA

Neste trecho a navegação é feita pelo Lago de Sobradinho ao longo de 314 km, caracterizando-se como navegação lacustre com excelentes profundidades.

Sobradinho-BA a Petrolina-PE/Juazeiro-BA

Trecho com 42 km de extensão e largura variando de 300 a 800m, garante calado de 2,00 m para uma vazão da Barragem de Sobradinho de 1.500m3 /seg. (A vazão defluente regularizada da U.H. de Sobradinho é de2.063m3 /seg).

Paulo Afonso - BA a Canindé de São Francisco - SE

Trecho navegável do Cânion do São Francisco, entre o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso e a Usina Hidrelétrica de Xingó.

Piranhas-AL à Foz

Com uma extensão de 208 km, apresenta navegação turística. 

Galeria de Imagens

 


 

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